A Arquitetura Orientada a Eventos (EDA) é uma prática essencial para o desenvolvimento de aplicações modernas, especialmente em cenários onde a escalabilidade, a resiliência e a capacidade de responder rapidamente a eventos em tempo real são críticas para o sucesso do negócio. Essa abordagem permite que sistemas se comuniquem de maneira assíncrona e desacoplada, facilitando a criação de aplicações mais modulares e flexíveis. Nesta arquitetura, um evento é um registro que representa uma ocorrência dentro do sistema, e sua comunicação é efetuada entre diferentes sistemas ou componentes por meio de mensagens, enviadas por produtores e recebidas por consumidores. O gerenciamento dos eventos é realizado por servidores conhecidos como brokers, que utilizam identificadores únicos para garantir o controle e a integridade do processamento.
O Apache Kafka é uma plataforma distribuída que desempenha um papel fundamental no desenvolvimento dessas aplicações orientadas a eventos. Amplamente utilizada em soluções que requerem publicação, assinatura, armazenamento e processamento de fluxos de eventos em tempo real, sua principal vantagem é a capacidade de reduzir a latência na comunicação e organizar os eventos em canais chamados tópicos. Esses tópicos são estruturados em partições, permitindo leitura e gravação de eventos de forma paralela, o que proporciona maior eficiência para aplicações críticas.
Reprocessamento na EDA
Uma das boas práticas na EDA é implementar um mecanismo de reprocessamento eficiente em caso de falhas. Isso pode ser alcançado por meio de estratégias como tentativas de reenvio (retries) e uso de filas de Dead Letter Queue (DLQ), estas últimas reservadas para mensagens que não puderam ser entregues ou processadas adequadamente.
O Kafka oferece a configuração necessária para que os consumidores reprocessem mensagens em caso de erro. Porém, esta abordagem apresenta um desafio: a partição onde ocorreu o erro fica bloqueada até que a mensagem seja processada com sucesso ou até que o limite de tentativas seja atingido. Esse bloqueio pode gerar gargalos, impedindo que outras mensagens dessa partição sejam processadas.
Estrutura de Reprocessamento com Tópicos
A estrutura de reprocessamento descrita neste artigo utiliza múltiplos tópicos de retry posicionados em diferentes níveis. Quando uma mensagem falha no tópico principal, ela é reconhecida como processada pelo tópico e enviada ao primeiro nível de reprocessamento. Caso a falha persista, a mensagem é transferida para o próximo nível, continuando esse processo até que a mensagem falhe em todos os tópicos de reprocessamento. Quando isso ocorre, a mensagem então é direcionada para o DLQ. O número de tópicos de reprocessamento é flexível, sendo adaptado às necessidades da aplicação.
Outra configuração que pode ser utilizada nesta solução é atribuir um tempo de espera para cada nível de tópico antes do início do reprocessamento. Esse mecanismo é importante para lidar com falhas temporárias, como a indisponibilidade momentânea de recursos externos, permitindo que esses recursos se recuperem antes que a mensagem seja executada novamente.
Tratamento de Erros no Reprocessamento
Para que o reprocessamento funcione corretamente, é necessário efetuar uma classificação do tipo de erro ocorrido. Caso o erro ocorra devido à indisponibilidade de um recurso, a mensagem deve ser enviada aos tópicos de retry para novas tentativas. Já se o erro for causado por problemas estruturais na mensagem, que exigem a intervenção da equipe de desenvolvimento, deve-se redirecionar essa mensagem diretamente para o DLQ. Dessa forma, os desenvolvedores podem analisar a causa raiz e realizar as correções necessárias para que a mensagem possa ser reprocessada com sucesso no futuro.
Vale ressaltar que o mecanismo de reprocessamento descrito neste artigo não é adequado em cenários onde a ordem de entrega para o processamento das mensagens é crítica. Em situações que exigem garantias de ordenação, a utilização de múltiplos tópicos para reprocessamento pode não ser a melhor abordagem.
Conclusão
A implementação de uma arquitetura orientada a eventos com Kafka combinada a uma estratégia adequada de reprocessamento é uma base sólida para o desenvolvimento de aplicações escaláveis e resilientes. Essa abordagem não apenas melhora a eficiência e a capacidade de resposta do sistema, mas também permite que as equipes de desenvolvimento criem soluções que se adaptam a falhas de maneira dinâmica, garantindo a continuidade do negócio. Além disso, a integração com serviços em nuvem, como os da AWS, potencializa ainda mais as capacidades dessas aplicações, possibilitando escalabilidade e gerenciamento simplificados.
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