Fazer negócios se concentrando em habilitar as equipes para desenvolver produtos e soluções com mais rapidez e eficiência resultou em um tremendo sucesso e levou as grandes organizações a escalar tais práticas para atender às suas necessidades, indo até mesmo além da organização de produtos.
Em 2011, Dean Leffingwell codificou o SAFe (do inglês, Scaled Agile Framework), a fim de ajudar a obter o sucesso que as pequenas equipes tiveram com várias metodologias ágeis, tais como Scrum ou XP, mas com o programa escalado para o nível da organização. Usando o Jira Align, o SAFe fornece uma orientação abrangente por meio de práticas em níveis de portfólio, grandes soluções, programas e equipes, conectando execução técnica à visão e estratégia.
As metodologias de agilidade em escala não se limitam ao SAFe, embora ela seja a estrutura mais usada na grande maioria das organizações. Outras estruturas foram desenvolvidas e implementadas com sucesso em escala. Isso inclui o Disciplined Agile Delivery (DAD), LeSS, Scrum@Scale, Spotify, Lean Startup e combinações desses frameworks. Criamos este pequeno resumo para ajudá-lo a entender quais frameworks podem ser a escolha para a sua organização explorar como um guia para a transformação ágil.
SAFe
Desenvolvido por Dean Leffingwell, o SAFe é uma abordagem estruturada que ajuda grandes empresas a conduzir suas transformações ágeis.
Como a abordagem mais difundida para escalar o modelo ágil em empresas, o SAFe ajudou muitas empresas globais a entender os benefícios do ágil ao passo que mantinham certa estrutura organizacional.
O SAFe opera em quatro níveis distintos:
- Essential SAFe: os elementos principais e o ponto de partida mais simples para a implementação do SAFe.
- Large Solution SAFe: para o desenvolvimento de soluções complexas, mas sem a necessidade de gestão de portfólio.
- Portfolio SAFe: alinha a execução à estratégia, organizando o desenvolvimento em torno das cadeias de valor.
- Full SAFe: a versão mais abrangente da estrutura, prestando suporte às empresas na criação e manutenção de grandes soluções integradas.
Lean startup
O movimento Lean Startup já começou em muitas das melhores organizações do mundo. Os fundamentos são simples e se concentram nos cinco princípios a seguir:
- Os empreendedores estão em todos os lugares: Você não precisa trabalhar em uma garagem para estar em uma startup.
- Empreendedorismo é gestão: Uma startup é uma instituição, não apenas um produto, por isso requer gestão — um tipo novo voltado de forma específica para o contexto.
- Aprendizado validado: As startups não existem para criar coisas, ganhar dinheiro ou atender clientes. Eles existem para aprender como construir um negócio sustentável. Esse aprendizado pode ser validado de forma científica por meio de experimentos que nos permitem testar cada elemento da nossa visão.
- Contabilidade de inovação: Para melhorar os resultados do empreendedorismo e fazer com que haja uma prestação de contas aos empreendedores, precisamos focar nas coisas burocráticas: como medir progresso, estabelecer marcos e estabelecer prioridades no trabalho. Isso requer um novo tipo de contabilidade, específica para startups.
- Construir, medir, aprender: A atividade fundamental de uma startup é transformar ideias em produtos, medir como os clientes reagem e aprender se devem mudar ou não. Todos os processos bem-sucedidos de startups devem ser direcionados para acelerar esse ciclo de feedback.
Esses princípios foram retirados do livro de Eric Ries, The Lean Startup. O Jira Align foi desenvolvido com base nos princípios de Lean Startup, Lean Enterprise e Lean Portfolio para permitir uma rápida concepção de novas ideias e inovação com ciclos de feedback curtos e contínuos.
LeSS
O LeSS é o Scrum aplicado ao desenvolvimento em larga escala. Sugere que as estruturas de escala devem ser mínimas para impulsionar o sucesso. Isso se baseia na ideia de que estipular regras, funções e artefatos demais, ao passo que se pede que a organização os adapte, é em si uma falha. O LeSS está dividido em 2 níveis: LeSS comum para 2-8 equipes e o LeSS-Huge para mais de 8 equipes. Esses níveis são criados usando as equipes como blocos de construção da organização.
As equipes LeSS seguem fundamentos típicos de agilidade, com os membros atuando de forma consistente durante todo o tempo na mesma equipe, enquanto a gestão desempenha um papel menor. O Product Owner (PO) diz qual direção a equipe deve tomar enquanto a equipe determina como eles entregarão o que o PO pediu. O princípio-chave do LeSS enfatiza que você não consegue escalar práticas ágeis com êxito na organização se não seguir os princípios de modo correto primeiro.
Disciplined Agile Delivery (DAD)
O Disciplined Agile Delivery (DAD) é uma abordagem híbrida que é orientada ao aprendizado e que prioriza as pessoas para a entrega de soluções de tecnologia. Ele foi desenvolvido por Scott Ambler e Mark Lines.
O DAD é considerado mais flexível e fácil de escalar do que outros métodos. Este framework recomenda que as empresas escalem o ágil com base nos fatores-chaves que entregam o maior valor para o cliente. Ao contrário de outras metodologias de escala, o DAD se concentra em um ciclo de vida completo de entrega, incluindo o software e a documentação, quando necessária por questões de governança e compliance.
Spotify
O Spotify é uma estrutura autônoma e orientada a pessoas para escalar o ágil. Ele salienta a importância da cultura e das redes.
O Spotify usa tribos, squads, capítulos e guildas. A base da estrutura é a squad, que atua como uma equipe de Scrum. A squad se organiza e determina a melhor maneira de trabalhar, das sprints de Scrum ao Kanban a uma abordagem híbrida. O esquadrão é focado em um único produto e projeto. O PO estabelece as prioridades e gerencia o backlog para a squad, enquanto um Agile Coach trabalha com eles para acelerar a transformação.
Uma tribo é um grupo de squads que trabalha em uma área em comum. A tribo se situa no mesmo local que a squad e é limitada a 100 pessoas.
Os capítulos fazem parte de um squad e são um grupo de membros da equipe que trabalham em conjunto. Por último, temos a guilda, que é um grupo de pessoas com interesses em comum.
Scrum@Scale
O Scrum@Scale é uma extensão da estrutura de Scrum de um dos cocriadores da metodologia, Jeff Sutherland.
Em geral, o Scrum@Scale é adotado por organizações que foram bem-sucedidas na implementação do Scrum nas equipes e estão buscando implementar a estrutura na empresa toda.
O principal objetivo é alinhar a empresa em crescimento em torno de um conjunto comum e compartilhado de objetivos. A coordenação é gerenciada através de um “Scrum of Scrums”, composto por Scrum Masters de cada equipe e um MetaScrum, composto por Product Owners.
Engenharia de Valor
A Engenharia de Valor é o simples uso de uma hipótese para orientar como os blocos de trabalho são financiados.
O valor é medido com ciclos rápidos de feedback e comparado de forma contínua com o custo incorrido. Essas informações são aproveitadas com regularidade para impulsionar investimentos e resultados.
Na economia moderna, o maior risco é o fracasso ao criar algo que entregue valor aos usuários. A Engenharia de Valor e o pensamento enxuto permitem que uma empresa descarte com rapidez as ideias que não entregam valor ou que não serão adotadas rápido o bastante a fim de que a empresa não desperdice recursos com elas.
No entanto, os princípios por trás da metodologia Lean Startup podem ser aplicados a todos os tipos de atividades da empresa, como a construção de ferramentas internas, melhoria de processos, mudança organizacional, substituição de sistemas e programas.
A Engenharia de Valor consiste em construir uma hipótese centrada no cliente que inclui uma definição de Produto Mínimo Viável (MVP, sigla em inglês) e em geral é acompanhada por um modelo Lean Canvas. Muitas vezes, a OTM (uma métrica importante) é usada para construir a declaração de valores para as hipóteses. A Engenharia de Valor com ciclos rápidos de feedback permite um ciclo virtuoso de inovação em que as atividades de execução possibilitam o crescimento. As atividades de crescimento financiam a inovação e os ativos de transformação são então operacionalizados para impulsionar novas atividades de execução. Com a Engenharia de Valor e o pensamento enxuto, uma empresa consegue:
- Adotar uma mentalidade de que todas as ideias são hipóteses;
- Explorar com segurança oportunidades em condições de extrema incerteza;
- Investir a quantidade mínima de esforço para obter a quantidade máxima de aprendizado;
- Criar uma visão clara e um entendimento compartilhado do problema;
- Tomar decisões sobre informações coletadas a partir de experimentos rápidos e baratos;
- Livrar-se de ideias ruins com mais rapidez;
- Engajar os clientes desde o início para que atuem como cocriadores de valor;
- Focar na aprendizagem e não na receita;
- Concentrar-se no engajamento do usuário em vez de obter ganhos financeiros rápidos.
Você também pode ter um modelo híbrido
As organizações precisam de flexibilidade para adaptar seu modelo com base em um conjunto de melhores práticas organizacionais que mudam com o tempo.
Ao fazer isso, é importante considerar alguns pontos relevantes para atender aos requisitos de conformidade e processo. Às vezes, isso envolve mesclar práticas tradicionais com uma abordagem ágil ou mesclar duas ou mais metodologias de ágil escalado. O resultado final é uma estrutura personalizada para atender às necessidades específicas de uma equipe de entrega de produtos.
Não importa qual você vai utilizar, o importante é que esteja dentro do seu contexto
Do SAFe ao Spotify, há muitos fatores a serem levados em conta ao preparar sua empresa para escalar o sucesso e selecionar — ou desenvolver — a estrutura que funciona melhor para ela. Mesmo adotando um modelo híbrido, ele deve considerar o contexto da sua empresa e deve levar em consideração mudanças nos papéis e estrutura organizacional e passando por princípios como: cadência das entregas, convergência de iniciativas bottom up e top down e desenvolvimento centrado no cliente.
Dessa forma, mantendo como foco a entrega de valor ao cliente, não importa qual framework escolha, o importante é que ele se adeque ao seu contexto, atendendo aos propósitos do negócio, e suporte o seu desenvolvimento em um momento cada vez mais desafiador para as empresas.