FinOps Personas: desvendando os principais atores na gestão financeira de Cloud
Com a aceleração da transformação digital e a consolidação da nuvem como infraestrutura preferencial para armazenar e processar dados, empresas de todos os portes enfrentam um novo desafio: controlar os custos da nuvem sem comprometer a inovação. Segundo a Goldman Sachs, o mercado global de serviços de nuvem deverá atingir US$ 2 trilhões (~ R$ 10,9 trilhões) até 2030. Nesse cenário, o FinOps (Financial Operations), prática de governança financeira na nuvem, se destaca como uma abordagem estratégica para transformar a visibilidade de gastos em decisões de negócio.
Adotar o FinOps Framework, no entanto, vai além da simples implementação de ferramentas de monitoramento. Ele exige uma mudança cultural e o engajamento de múltiplos perfis profissionais. Conhecer as pessoas envolvidas no processo, chamadas de personas, é o primeiro passo para viabilizar esse processo.
O que são as personas de FinOps?
FinOps é um modelo operacional colaborativo que une times de engenharia, finanças e negócios para maximizar o valor gerado pela nuvem. A prática promove decisões baseadas em dados em tempo real e distribui a responsabilidade financeira entre todos os envolvidos no uso da nuvem.
No centro dessa abordagem estão as personas de FinOps, perfis profissionais que representam os diferentes papéis e responsabilidades dentro da estratégia. Ao entender o papel de cada persona, é possível estruturar times mais eficientes, orientar treinamentos, definir indicadores e acelerar a maturidade da prática.
Conheça os principais envolvidos:
FinOps Practitioner: governança, visibilidade e cultura
O FinOps Practitioner é o ponto de conexão entre áreas técnicas, financeiras e de negócio. Sua principal missão é garantir a aplicação dos princípios de FinOps na organização, apoiando times com ferramentas, processos e dados para que tomem decisões com base no consumo real da nuvem.
Além de definir práticas de gestão de custos e construir previsões, esse profissional é responsável por promover uma cultura FinOps escalável. Isso envolve desde o alinhamento de KPIs e controle de tags até a definição de modelos de compra eficientes, como reservas ou savings plans.
Para uma atuação bem-sucedida, o profissional que ocupa essa posição deve superar alguns desafios comuns nas organizações. Por exemplo, o acesso limitado a dados, a dependência de ferramentas pouco integradas e a necessidade de engajamento transversal.
Para superá-los, o Practitioner deve dominar ferramentas como consoles nativos dos provedores, plataformas de dados agregados e soluções de terceiros especializadas em FinOps. Além disso, o desempenho deve ser monitorado por meio de métricas-chave para permitir ajustes de curso, se necessário. As métricas essenciais englobam orçamentos e previsões exatos, a cobertura de recursos com tags obrigatórias e a economia de custo por unidade.
Executivos: alinhando estratégias de cloud à visão de negócio
A participação ativa de líderes de tecnologia, operações e centros de excelência, como CTOs e CIOs, é decisiva para o sucesso do FinOps. Esses executivos têm a responsabilidade de garantir que os investimentos em nuvem estejam alinhados aos objetivos estratégicos da empresa, criando vantagem competitiva e assegurando responsabilidade orçamentária.
O maior obstáculo nesse nível é a ausência de visibilidade clara entre o uso técnico da nuvem e os resultados de negócio. Ferramentas como dashboards executivos de plataformas FinOps e relatórios customizados permitem superar esse desafio, possibilitando uma leitura estratégica da relação entre receita, margem e consumo de infraestrutura.
Métricas como transações por custo de infraestrutura, margem bruta e custo por produto são essenciais para esse público.
Product Owner: inovação com controle financeiro
Para os Product Owners (POs), a responsabilidade vai além do backlog. Em um ambiente FinOps, eles precisam garantir previsibilidade de custos desde o planejamento até o lançamento de novos produtos ou funcionalidades. Com o suporte dos Practitioners e dos executivos, sua meta é entregar valor ao mercado com agilidade, inovação e eficiência.
Um dos maiores desafios reside na imprevisibilidade dos custos e na dificuldade em estimar o impacto financeiro da expansão de produtos para novas regiões. A integração de ferramentas nativas e plataformas FinOps capacita o PO a monitorar os custos por produto e a tomar decisões estratégicas baseadas na relação custo-benefício.
Decisões são guiadas por métricas como custo por cliente, custo por funcionalidade e crescimento da receita em relação ao investimento em nuvem.
Engenharia e Operações: eficiência e accountability
Com foco técnico, as equipes de Engenharia e Operações são as principais responsáveis pela execução das estratégias de eficiência. Sua atuação inclui dimensionamento de recursos, uso de instâncias spot, eliminação de desperdícios e manutenção da performance dos serviços.
Nessa área, um desafio recorrente é o desalinhamento entre inovação técnica e impacto orçamentário. A prática de FinOps busca inverter essa lógica, promovendo a responsabilização dos times de engenharia pelo custo do que constroem e mantêm.
Ferramentas nativas, especializadas e customizadas (como scripts para alertas de desperdício) são essenciais. Métricas como custo por serviço, utilização de recursos e práticas de showback/chargeback ajudam a consolidar uma cultura de accountability.
→ Sabia que você pode usar Machine Learning para Detectar Anomalias em Custos na Nuvem (FinOps)?
Finanças: previsões, conformidade e transparência
O time financeiro ocupa um papel de coautoria na estratégia FinOps. Trabalhando lado a lado com o Practitioner, seu foco está na reconciliação de dados de consumo, previsões assertivas e apoio ao planejamento orçamentário.
Os desafios incluem lidar com gastos imprevisíveis, redefinir modelos legados de capex (investimentos em longo prazo) versus opex (despesas ordinárias) e distribuir a responsabilidade orçamentária de forma equilibrada.
As ferramentas recomendadas para essa persona são plataformas FinOps com foco em análise histórica, modelos preditivos e dashboards de variação orçamentária. Métricas como conformidade com políticas, precisão orçamentária e custo unitário são determinantes.
Aquisição: controle de contratos e relacionamento com fornecedores
O setor de Aquisição passa por uma transformação profunda com a adoção da nuvem. O modelo tradicional dá lugar a uma abordagem contínua, na qual o consumo é dinâmico e contratos precisam ser otimizados com frequência.
Nesse novo contexto, essa persona lidera a negociação com provedores, analisa planos de compromisso e garante a eficiência de licenças e descontos aplicáveis.
Desafios comuns para a área incluem baixa visibilidade de dados e ausência de centralização de compromissos. Ferramentas especializadas para análise de contratos, plataformas nativas e relatórios multi-fornecedor ajudam a controlar custos e identificar oportunidades de renegociação.
Métricas como custo por fornecedor, utilização de licenças e custo por licença ajudam a guiar decisões.
→Saiba Como avaliar a maturidade na adoção de FinOps
Mapeando personas por fase do FinOps Framework
O FinOps Framework é composto por três fases contínuas: Informar (visibilidade e alocação), Otimizar (otimização de uso e custo) e Operação (governança e cultura). Cada persona atua de forma distinta em cada uma delas:
- Informar: O Practitioner lidera a coleta e análise de dados; Finanças valida previsões; Engenharia e PO trazem o contexto técnico; Executivos e Aquisição ajudam a definir metas e prioridades.
- Otimizar: Engenharia executa ajustes; PO prioriza com base em custo; Practitioner propõe ações; Finanças e Aquisição revisam contratos; Executivos aprovam mudanças.
- Operação:
Practitioner estrutura governança; Engenharia automatiza políticas; Finanças acompanha variações; Aquisição renegocia contratos; PO e Executivos analisam valor entregue.
FinOps
Practitioner
Coleta e análises
de custo; definição
de KPIs e forecast
Lidera otimização e governança de modelos; educação interna
Automatização, showback, cultura FinOps contínua
Engenharia
e Ops
Fornecem dados de consumo e workloads
Executam ajustes técnicos
e reduzem desperdício
Operam automações e mantêm tagging e eficiência
Finanças
Reconciliam faturas
e validam forecast
Participam de decisões de custo e investimento
É responsável por relatórios financeiros regulares
Product
Owner
Apoia levantamento de uso e custos por produto
Considera custo-eficiência no delivery
Avalia impacto econômico de produtos lançados
Aquisição
Apoia com dados de contratos e fornecedores
Negocia compromissos
e descontos
Monitora acordos e otimiza contratos ativos
Executivos
Define metas estratégicas e prioridades de cloud
Aprova iniciativas
de otimização
Avalia resultados de ROI
e valor operacional
Personas de FinOps: guiando KPIs e políticas internas
Ao entender o papel de cada persona, é possível direcionar treinamentos, definir KPIs personalizados e implementar práticas como showback e chargeback. A clareza sobre restrições, objetivos e expectativas permite uma avaliação precisa das ferramentas, com base nas necessidades reais da organização.
Um planejamento eficaz também facilita a construção de casos de negócio para justificar investimentos em plataformas ou customizações. Como reforçado pela FinOps Foundation, “não existe ferramenta perfeita para todos os casos”. A chave está na integração entre pessoas, processos e tecnologia.
→ Conheça Os 6 princípios que guiam o sucesso em FinOps
FinOps vai além da tecnologia
Colaboração é o pilar da estratégia FinOps. O sucesso depende de uma cultura que compartilhe responsabilidades, priorize visibilidade e promova decisões ágeis baseadas em dados. A compreensão profunda das personas de FinOps e suas funções é o caminho para desbloquear esse potencial e conectar áreas que, historicamente, operam em silos.
Com papéis bem definidos, práticas consistentes e ferramentas adequadas, as empresas aceleram sua maturidade em FinOps e ampliam o retorno sobre seus investimentos em nuvem.
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