Reduzindo débitos técnicos: um checklist para a transformação digital
Um débito técnico é um conceito familiar para muitos profissionais de desenvolvimento de software. Ele geralmente acontece quando existe uma urgência em concluir alguma demanda, levando a um desfecho confuso da situação. No mundo do desenvolvimento de software, isso é causado pelo acúmulo de pequenos reparos e atalhos tomados ao longo do tempo, dificultando entregas futuras.
Compreender o débito técnico é crucial para líderes de tecnologia, pois isso influencia diretamente em vários aspectos do desenvolvimento de software e manutenção de sistemas. Ao reconhecer o débito técnico, os gestores podem alocar recursos de modo mais eficiente para solucioná-la, mitigando o risco de problemas futuros. Esta prática dá suporte a decisões estratégicas que equilibram ganhos imediatos com suas consequências a longo prazo.
Débito técnico: Definição
O débito técnico é uma bagagem acumulada a partir da opção constante por soluções rápidas, que podem ser convenientes para o momento, mas que não são as melhores possíveis a longo prazo. Na prática, a soma dessas ações imediatistas pode frear o progresso e aumentar o custo dos projetos.
Tomar consciência do débito técnico é altamente recomendado para aumentar a produtividade. Isso acontece ao minimizar o retrabalho e focar na entrega efetiva de novas funcionalidades. Uma comunicação clara sobre débito técnico com os stakeholders garante o alinhamento de expectativas e promove a confiança no processo. Em geral, essa compreensão empodera os líderes de tecnologia para dirigir iniciativas bem-sucedidas e garantir a sustentabilidade dos sistemas de software de suas organizações.
Causas comuns
O débito técnico geralmente acontece quando os prazos são curtos, os recursos são escassos, os planejamentos falham, as requisições mudam o tempo todo ou quando decisões técnicas ruins são tomadas para dar conta dos problemas no calor do momento.
O débito técnico se manifesta de várias formas no desenvolvimento de software. Isso pode partir de implantações difíceis de manter, assim como de documentações inadequadas que tornam a obscura a operação dos sistemas. Bugs não resolvidos, particularmente aqueles que não são tratados por sua causa raiz, contribuem para o débito técnico. Insistir em bibliotecas obsoletas, apesar das recomendações contrárias, também traz problemas. Negligenciar vulnerabilidades de segurança em bibliotecas externas agrava ainda mais o problema, acentuando a importância das estratégias proativas de gerenciamento do débito técnico.
Riscos do débito técnico para os negócios: exemplos reais
O débito técnico não é um problema somente para os desenvolvedores; ela afeta todo o negócio. Isso pode aumentar os custos de manutenção, tornar o progresso mais lento, ferir a qualidade do produto, e até mesmo afastar clientes. Há exemplos da vida real que ilustram muito bem as consequências destrutivas de negligenciar o problema.
Um deles aconteceu com a aeronave Boeing 737 MAX, que teve umo débito técnico severa no seu software MCAS. O sistema, que deveria ser à prova de preocupações sobre a sua estabilidade, sofreu com testes e documentações insuficientes, levando a dois acidentes e à aposentadoria compulsória do modelo. A reputação da Boeing foi duramente abalada e 346 vidas humanas foram perdidas tragicamente por conta das falhas técnicas.
Em situação similar, o Adobe Flash também encontrou desafios e sucumbiu a vulnerabilidades de segurança e problemas de performance. Com o advento do HTML5 e padrões web mais modernos, o Flash perdeu relevância, levando a Adobe a anunciar o fim da vida útil dele no final de 2020.
A companhia financeira Knight Capital Group teve uma perda catastrófica de US$ 440 milhões em menos de uma hora devido a uma falha de software derivada de umo débito técnico não resolvida em um algoritmo de trading de alta frequência. O software desatualizado levou a milhares de transações não autorizadas e perdas financeiras significativas.
A Equifax, um dos maiores bureaus de crédito do mundo, foi vítima de uma violação massiva de dados em 2017, expondo as informações pessoais de 147 milhões de pessoas. As investigações revelaram que o vazamento ocorreu devido o débito técnico, mais especificamente por conta de uma falha ao aplicar patches de segurança a um servidor web vulnerável. Isso permitiu que os hackers explorassem uma vulnerabilidade já conhecida e acessassem os sistemas da Equifax, deixando consequências profundas.
Estes exemplos sublinham a enorme importância de conhecer e lidar com o débito técnico com prontidão e abrangência. Desse modo, quais medidas podemos tomar coletivamente para mitigar os riscos associados o débito técnico? Aqui vai um checklist com algumas dicas.
Checklist: 8 passos para prevenir o débito técnico
Prevenir o débito técnico significa agir proativamente, em conformidade com as melhores práticas. Seguindo estes 8 passos, você poderá estabelecer uma fundação sólida para a segurança e a estabilidade da sua empresa:
- Revisão de códigos: Boas revisões de códigos ajudam a identificar potenciais problemas antes deles acontecerem, promovendo sua qualidade e consistência. Seguir a Maslow Piramide For Code Review pode ser uma boa maneira de fazer isso satisfatoriamente.
- Testes automatizados: Implementar testes automatizados garante que mudanças e atualizações não introduzam regressões ou defeitos ao sistema.
- Manter as bibliotecas atualizadas: Estar em dia com os stacks tecnológicos, frameworks e bibliotecas minimiza problemas de compatibilidade e vulnerabilidades de segurança associadas a componentes ultrapassados.
- Monitoramento de vulnerabilidades de segurança: Utilizar ferramentas e processos para monitorar proativamente as vulnerabilidades de segurança é um processo importante para salvaguardar o software contra potenciais vazamentos e ações de hackers.
- Refatoração: A refatoração contínua do código aumenta a manutenibilidade, legibilidade e extensibilidade, reduzindo a probabilidade de acúmulo de débitos técnicos.
- Plano de contingência para bugs: Alocar pessoas para resolver prontamente os bugs críticos previne que eles se convertam em uma bola de neve de débitos técnicos.
- Entendimento do produto: É crucial educar stakeholders sobre débito técnico, inclusive os gerentes de produto e executivos da empresa. Eles precisam compreender as implicações disso para o desenvolvimento de produtos, sustentabilidade e sucesso a longo prazo.
- Inclusão nos roadmaps de produtos: Integrar o gerenciamento do débito técnico aos roadmaps de produtos garante que a questão receberá a atenção merecida e pessoas trabalhando com isso em mente ao longo do desenvolvimento de funcionalidades.
Como reduzir o débito técnico já existente
Solucionar o débito técnico já existente demanda um esforço concentrado e uma priorização cautelosa. Basicamente, temos dois conselhos para isso:
- Mantê-la como prioridade: Reconheça o débito técnico como uma preocupação crítica e dedique os recursos e o tempo necessário para enfrentá-la efetivamente.
- Alocar 10% do esforço em cada sprint: Integre as tarefas de redução do débito técnico aos ciclos de desenvolvimento, reservando uma porção do capacity de cada sprint para enfrentar gradualmente os problemas importantes.
Em conclusão, gerenciar o débito técnico não é meramente uma preocupação da área de tecnologia, mas um imperativo para os negócios. Entendendo a sua natureza, identificando suas causas e implementando medidas preventivas, as organizações podem mitigar efeitos adversos no desenvolvimento de produtos e assegurar o sucesso a longo prazo. Além disso, ao priorizar a redução da dívida existente e integrar o seu gerenciamento aos processos em andamento, os negócios podem fomentar uma cultura de melhorias contínuas e inovação.
É importante frisar que o débito técnico não pode jamais ser eliminada de vez, já que ela é um processo natural do ciclo de desenvolvimento de software. O objetivo é gerenciá-la efetivamente para minimizar seus impactos negativos nos projetos e no negócio como um todo.
Quer saber mais sobre esse assunto e ver como a e-Core pode te apoiar nos seus desafios? Clique aqui para falar com os nossos especialistas.
e-Core
Combinamos experiência global com tecnologias emergentes para ajudar empresas como a sua a criar produtos digitais inovadores, modernizar plataformas de tecnologia e melhorar a eficiência nas operações digitais.
Isso pode te interessar:

