Green IT: tecnologias para reduzir o impacto ambiental e otimizar o consumo energético
Questões ambientais e climáticas não são novidade. Antes restritas a ambientalistas, cientistas e reguladores, elas se tornaram pauta prioritária também no mundo corporativo. O conceito de desenvolvimento sustentável, definido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento como “atender às necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às próprias necessidades”, tornou-se o foco do século XXI.
A pressão por práticas de Environmental, Social and Governance (ESG) e compliance ampliou a relevância de estratégias que associam eficiência operacional e responsabilidade socioambiental. No contexto empresarial, as metas convergem: reduzir custos pelo uso eficiente de recursos; alcançar e manter competitividade; aumentar lucros com produtos e processos verdes; cumprir regulamentações internacionais e setoriais; e fortalecer a relação com consumidores ambientalmente conscientes.
Demandas de sustentabilidade em TI
O movimento em direção à sustentabilidade nasce de duas forças principais: o desequilíbrio entre demanda e oferta de recursos e os impactos da poluição e das mudanças climáticas. A escassez de fontes primárias de energia, combinada ao aumento acelerado do consumo, exige ações que vão desde o uso mais eficiente de recursos até a adoção de fontes renováveis, como solar, eólica e nuclear.
Estratégias para sustentabilidade convergem em dois eixos: maximizar a eficiência energética e desenvolver fontes renováveis. Nesse contexto, a TI desempenha papel central ao habilitar processos, produtos e práticas que reduzem o impacto ambiental através do Green IT.
O que é Green IT
Green computing, ou Green IT, engloba o design, fabricação, uso e descarte de equipamentos e componentes tecnológicos de forma a minimizar impactos ambientais. Isso inclui redução de emissões e consumo energético por fabricantes, data centers e usuários finais; uso de matérias-primas de origem sustentável; e diminuição do lixo eletrônico.
O conceito abrange duas dimensões complementares: Greening IT, que busca tornar o setor de TI mais eficiente e ambientalmente responsável; e Greening by IT, que usa tecnologia para apoiar outros setores na redução de consumo e emissões. Aplicações incluem desde sistemas embarcados em produtos até o uso de smart grids para monitorar e otimizar recursos, analytics avançado e computação em nuvem.
A urgência é clara: o setor de TI responde por 1,8% a 3,9% das emissões globais de gases de efeito estufa, e data centers já representam 3% do consumo anual de energia, o dobro de uma década atrás segundo relatórioda Association for Computing Machinery. O documento alerta que reduzir drasticamente a demanda energética e as emissões do setor é crucial para conter mudanças climáticas.
Nuvem: aliada e desafio para a sustentabilidade
Nesse cenário, a computação em nuvem é peça-chave para a sustentabilidade por oferecer infraestrutura compartilhada, otimização dinâmica e escalabilidade sob demanda. De acordo com uma pesquisa da Accenture, a migração para a nuvem pública pode gerar uma redução de 5,9% nas emissões totais de TI, o que representa a redução global de quase 60 milhões de toneladas de CO2 por ano. Essa diminuição equivale à remoção de 22 milhões de carros das ruas.
No entanto, a nuvem também traz desafios. Instâncias subutilizadas, armazenamento excessivo e pipelines ineficientes aumentam o consumo. Data centers funcionam 24 horas e, em sua maioria, requerem apenas 6% a 12% do seu consumo total de energia para manter os computadores funcionando. O restante da eletricidade é usado em sistemas de refrigeração e redundantes. Em alguns casos, o impacto de emissões supera o de todas as companhias aéreas combinadas.
No entanto, metodologias corretas de gestão, como as apontadas pelo Lawrence Berkeley National Laboratory, podem reduzir emissões em até 87%. Isso exige monitorar não só o consumo direto dos equipamentos, mas também o das operações de suporte, como refrigeração e iluminação.
Tecnologias e práticas para Green IT
Os maiores ganhos para tornar a TI sustentável vêm de grandes organizações e data centers, onde infraestrutura eficiente pode reduzir drasticamente o consumo e as emissões.
Por exemplo, data centers “verdes” são projetados para alcançar máxima eficiência energética e impacto ambiental mínimo, considerando desde a iluminação até a escolha de materiais e fontes renováveis de energia. A manutenção também é planejada para consumir o mínimo possível.
Nesse sentido, existe a implantação dos chamados corredores quentes e frios em salas de servidores, que organizam o fluxo de ar para maximizar a eficiência do sistema de resfriamento. Quando combinados com sistemas automatizados que controlam temperatura e umidade, esses corredores reduzem emissões e proporcionam economia de energia e água.
Em organizações, a implementação do Green IT pode começar pela área de compras ao optar por equipamentos que combinam longa durabilidade e baixo consumo energético. Por exemplo, notebooks consomem menos energia que desktops e podem reduzir significativamente a pegada de carbono quando adotados em larga escala.
Green Cloud Computing
No ambiente de nuvem, a gestão eficiente de recursos é fundamental para a sustentabilidade. O conceito de green cloud computing engloba o uso de recursos heterogêneos e distribuídos geograficamente para atender demandas minimizando impactos ambientais. Métodos simples, como colocar servidores em modo de espera, e complexos, como o autoescalonamento dinâmico, contribuem para esse objetivo.
A virtualização e o uso de containers são soluções que elevam a eficiência ao permitir que múltiplas cargas compartilhem a mesma infraestrutura física, reduzindo o consumo e o lixo eletrônico. Arquiteturas serverless levam essa otimização a outro nível, rodando aplicações em contêineres efêmeros que evitam ociosidade.
Outra opção é o modelo pay-per-use e autosserviço em nuvem, que incentiva o uso consciente, com clientes pagando pelo que realmente utilizam, ajudando a evitar desperdícios. A crescente demanda por serviços em nuvem, no entanto, exige que provedores adotem medidas ambientais rigorosas para que o crescimento não eleve desproporcionalmente o consumo e as emissões.
Gestão financeira verde: como o FinOps atua no Green IT
A implementação de tecnologias e práticas sustentáveis exige um investimento inicial significativo. Seja a atualização para servidores com eficiência energética ou a modernização de data centers com sistemas de refrigeração avançados, o desembolso inicial pode ser substancial. No entanto, esses custos devem ser vistos como investimentos de longo prazo que se pagarão ao longo do tempo por meio da redução de despesas operacionais e do aumento da eficiência.
Nesse contexto, a FinOps, metodologia de gestão financeira da nuvem, é uma solução para garantir ganhos ambientais e econômicos. Práticas como rightsizing, autoscaling e eliminação de recursos ociosos reduzem custos e a pegada de carbono. O conceito de GreenOps (Green IT + FinOps) propõe integrar monitoramento de custos e indicadores ambientais, como eficiência energética, fontes de alimentação ininterruptas (UPS, na sigla em inglês) e Eficácia do uso de energia (PUE, na sigla em inglês), para orientar decisões estratégicas.
Algumas decisões sustentáveis podem aumentar custos no curto prazo, como migrar workloads para regiões alimentadas por energia renovável. Nesses casos, o equilíbrio entre benefício ambiental e viabilidade financeira é essencial.
→Veja como implementar uma estratégia de FinOps aqui.
Ferramentas para medir emissões na nuvem
Mensurar as emissões de carbono geradas pelo uso da nuvem é um desafio complexo, dado o grande número de serviços e regiões envolvidas. Para atender a essa demanda, a AWS, por exemplo, lançou a Customer Carbon Footprint Tool (CCFT), integrada ao AWS Billing and Cost Management Console desde 2022. A ferramenta rastreia e reporta as emissões associadas ao uso dos serviços AWS, baseando-se nos Escopos 1 e 2 do Greenhouse Gas Protocol, que cobrem emissões diretas e indiretas relacionadas à eletricidade consumida.
A CCFT calcula emissões em toneladas métricas de CO₂ equivalente (MTCO₂e) e abrange um amplo portfólio de serviços AWS, como EC2, S3 e Lambda. Com isso, é possível ter acesso a análises precisas da pegada de carbono dos workloads.
Uma atualização recente da ferramenta inclui uma metodologia revisada (v2.0), auditada por terceiros, que distribui proporcionalmente as emissões associadas à capacidade ociosa da infraestrutura entre os clientes que utilizam os serviços. Isso significa que se uma região opera com 70% de uso, os 30% restantes de emissões são alocados como overhead entre os usuários, garantindo uma alocação mais realista e justa.
Essa abordagem fornece visibilidade detalhada do impacto ambiental de workloads, permitindo ajustes para reduzir emissões.
Green IT: cases práticos para se inspirar
O Google Cloud lidera iniciativas de sustentabilidade, operando com neutralidade de carbono desde 2007 e atingindo 100% de energia renovável para seu consumo global em 2020. Seu objetivo é operar data centers com energia 24/7 livre de carbono até 2030.
Para isso, a companhia investe em machine learning e inteligência artificial para otimizar a eficiência energética em seus data centers. Além disso, o Google desenvolveu sistemas de computação Carbon-Aware, que agendam cargas de trabalho de acordo com a quantidade de energia renovável disponível, mitigando, assim, a quantidade de carbono emitida por suas operações de computação.
Outro exemplo é o data center da OVHcloud em Sydney, que utiliza resfriamento direto de chips com apenas uma xícara de água para manter servidores por 10 horas, alcançando Power Usage Effectiveness (PUE) de 1,29, muito abaixo da média do setor.
Na China, a automação inteligente de escalonamento de recursos (Full Scaling Automation) reduziu quase 1.000 toneladas de CO2 durante o festival de compras “Double 11” em 2022, economizando mais de 1,5 milhão de kWh.
Green IT: 5 dicas para engajar equipes
Avançar em sustentabilidade requer mais do que tecnologia. A resistência à mudança e a inércia organizacional são desafios reais para a adoção do Green IT.
Estratégias eficazes de gestão de mudança e comunicação transparente são essenciais. Confira cinco dicas para engajar toda a organização em prol de uma operação sustentável:
- Estimule iniciativas e responsabilidades individuais
Incentivar os profissionais de TI a assumirem responsabilidade em suas tarefas do dia a dia, como desligar equipamentos ociosos ou reduzir o uso de papel, cria uma cultura de consciência ambiental dentro do time. Pequenas atitudes, somadas, geram impacto significativo e fortalecem o compromisso coletivo com a sustentabilidade. - Promova comunicação, colaboração e quebra de silos entre departamentos
Sustentabilidade não acontece isoladamente. É fundamental fomentar o diálogo e a cooperação entre as áreas técnica, financeira e de ESG. A TI, em especial, exerce papel essencial ao ser fonte de inovação. O trabalho conjunto potencializa resultados e cria sinergias para metas comuns. - Adote o pensamento circular na gestão de ativos
Repensar o modelo tradicional de compra, uso e descarte de equipamentos é essencial. Implementar uma abordagem circular que priorize a reutilização, reparo e manutenção prolongada dos ativos reduz desperdícios e o impacto ambiental das aquisições, além de gerar economia para o departamento ao diminuir a frequência de substituições. - Tenha uma visão holística da sustentabilidade
Os esforços devem ir além de metas imediatas e focar no impacto de longo prazo. A sustentabilidade corporativa integra pilares econômicos, ambientais e sociais, criando valor para a empresa e para a sociedade. Isso significa incorporar práticas sustentáveis em todos os aspectos da TI, desde a gestão de recursos até iniciativas de responsabilidade social, garantindo benefícios duradouros para gerações presentes e futuras. - Engaje todo o ecossistema de parceiros, fornecedores e clientes
A sustentabilidade é uma responsabilidade coletiva que exige o envolvimento de todos os atores da cadeia. Incentivar parceiros, fornecedores e clientes a adotarem práticas sustentáveis amplifica os resultados e evita esforços isolados.
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